5.6.05

MÉZINHA DE PESSIMISTAS

Queixas-te que nada te sabe bem?
Continuas, Amigo, co’as mesmas manias?
Barafustas, cospes, injurias –
Paciência e coração se não contêm.
Dou-te um conselho, Amigo: Vê se um dia
Consegues engolir um sapo bem gordinho,
De repente e sem olhar um instantinho!
Vais ver como te passa essa dispepsia!


Tradução de Paulo Quintela.

FN

Friedrich Nietzsche nasceu no dia 15 de Outubro de 1844 numa região da Turíngia anexada à Prússia. Aos quatro anos de idade perdeu o pai e um irmão mais novo, mudando-se com a mãe para Naumburg. Aí viveu durante oito anos, na companhia da mãe, da avó paterna e de Elisabeth, a irmã mais nova que viria a publicar a primeira grande edição, distorcida, dos textos do filósofo/poeta alemão. Dedica-se à música, à poesia e à literatura. Faz os estudos em Pforta, Bona e em Leipzig. Em 1867 ofereceu-se como voluntário num regimento no conflito franco-prussiano, cumprindo cinco meses de serviço – interrompidos por uma queda de cavalo. Em 1868 conheceu Wagner. Já em 1869, Nietzsche foi para Basileia dar aulas de Filologia Clássica. Um ano depois, servirá o exército como maqueiro na guerra que opôs a França à Alemanha. Nietzsche contrai difteria e disenteria. Cada vez mais solitário em termos de pensamento, publica a sua primeira obra: A Origem da Tragédia. O livro é mal acolhido. Daqui até à sua morte, o filósofo alemão desenvolverá uma obra extraordinária e única, em completa solidão. Ao mesmo tempo, vai sendo assolado por crises de puro delírio, provavelmente resultantes de uma infecção de origem sifilítica. Dores de cabeça e de estômago constantes, perturbações oculares e dificuldades de palavra levam-no a um estado de insanidade mental. Faleceu demente, no dia 25 de Agosto de 1900.