30.7.05

ARteoRIA # 1: Emergente

Emergente é um artista surgindo, primeiramente, em eventos colectivos cheios de gente, organizados por gente que já foi emergente, os emergentes seniores, que só organizam os eventos com emergentes, para poder dizer que também trabalham com gente. Os emergentes produzem arte política com novas tecnologias, usando títulos em inglês, porque apesar da emergência ser portuguesa, existe sempre a estratégia da internacionalização, uma emergência com carácter universal. Os emergentes produzem multimerdas, com o objectivo de serem sempre coerentes, não se vá dar o caso de deixarem de ser emergentes e fazerem-se gente, numa retrospectiva onde sejam julgados absurdos na sua emergência. A emergência é uma estratégia eficaz e coerente, apesar dos emergentes terem sempre um certo espaço para a incoerência, porque o emergente é um artista enquanto novo. Emergente, à superfície, é um novo detergente: lava velhas nódoas, entranhadas, mas não deixa a roupa branca, não, até porque o sujo já está lá há muito mais tempo. Os emergentes só conseguem deixar a roupa branca quando ela tem cor, o que não quer dizer que eliminem o sujo. A cor, segundo um emergente, é um ornamento artificial, decorativo, formal ou poético. Estas últimas quatro categorias, habitualmente, são colocadas no mesmo saco por um emergente, que na sua detergência é um crítico, questionando sempre o que é artístico, no ponto de vista do seu alargamento, com vista a ampliar o campo da arte para si próprio. O emergente aparenta sempre uma ascese conceptual, é um intelectual que lava daí as suas mãos: matéria é coisa porca, coisa anal, o emergente é muito oral. A estética emergente segue o zeithgeit onde impera o horror aos espaços vazios, optando pela instalação, um coerente e eficaz gesto de acumulação no espaço, com vista à criação de ambientes preenchidos totalmente com o ego, através de uma grande estimulação da visão em movimento, acompanhada por interferências sonoras. O detergente emergente simula combater as nódoas, mas no fundo quer tornar-se uma delas: a verdade é que com o tempo, o emergente deixa de ser detergente, passa a ser gente ou seja gordura sebosa que entranha em qualquer tecido, mesmo os melhores.
Maria João

4 Comments:

At 10:46 da tarde, Anonymous Anónimo said...

o cond castel branco rula!n e zeitgeist?gostei!

 
At 7:44 da manhã, Anonymous Anónimo said...

pois é joana o emergentes sao isso mesmo emergem de manha e submergem á noite. de manha vestem a pele de emergentes e submergem de novo para ver se dá efeito - aquele efeito fodido, cheio de panache - com x de xicara ou codex. nao é x de chines é X de emergente.
ok. cá vamos indo pra nao morrer
wp/cf

 
At 4:09 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Obrigada pelos comentários.
É verdade, o zeitgeist tem para lá um h.
Grande César,o importante é continuarmos vivos, eu admiro muito a tua coragem,a tua atitude perante a vida, sabia que ias gostar disto porque o termo também te incomoda. Quando oiço a critica a dizer emergente, lembro-me sempre do Ruy Belo : "Odeio este tempo detergente"
Beijinhos para toda a tribo
MJF

 
At 2:08 da tarde, Anonymous Anónimo said...

e falta 1 s oOoHoOOHOOHHH(gargalhada presuncosa d picuinhas)mas lapsos sao lapsos ate podem acontecer a mim veja s la ;-)

 

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