29.7.05

Tav 69

1
Não se consegue viver
com alguém que
às 22.05 está bêbedo
de felicidade a dançar
na sala com os filhos
nirvana bêbedo e pisa
os pés dos filhos
as sapatilhas de pêlo
dançam de pé
da sapatilha o tigre
do chinelo o drunk walker.

2
Ganhei tantos poemas
na bebedeira
que nem vos conto
nem vos escrevo
mas eram bons.

3
Cada vez que bebo
celebro a escrita
bebo a de tinto
e celebro a escrita
bebo a escrita
e celebro a de uísque
e nunca vomito
célebre a escrita ou não
quando vomitei no carro
da tita
não a celebrei
como queria.

4
Se não sai
de dentro dos pixeis
mais vale procurar
a porta da ravessa.

Nuno Moura

(Quatro primeiros de um ciclo de 13.
A não perder os próximos capítulos.)

1 Comments:

At 6:34 da tarde, Blogger blimunda said...

1. sei desse monumento itálico
à escrita
e das vinte e duas
e cinco
de que é feito o carpélio
laranja e amarelo. dois olhitos
assim meio embaçados
uma sala amarfanhada de filhos
e oplá, a contradança de alguém
que apesar dos negritos
dos chinelos esgaçados
e dos nirvanas
cliqueclaques
ainda sabe amarinhar: torna-se
pernitente enfrascar
um john. direi que é mais que tudo
pertinente.

2. gastei tanta boa bebedeira
com todos os poemas
que decorei
que agora
com os olhos embaciados escrevo:
todos planos
tridimensionais para exaltar
uma verdana corpo doze
devem ser mantidos na plotter.
a construção de um poema
deve ser feita de vidro duplo
verde
em comms ones
colheita de 69.

3. recordo com repugnância
a única vez
a única mesmíssima vez
em que saltei uma escrita:
a rima difícil engarrafada
a célere onomatopeia
do guronsan
e eis que a tita
de carro
se afunda em querenças:
bem sabia
quem me avisava: sacavém
nem bom vento
nem bom pensamento.

4. a travessa o portal, pixels dixit,

4. a) se não sai de dentro,
mais o vale procurar


ao nuno da moura

 

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