20.4.06

O Faroeste da Rede

A discussão sobre as caixas de comentários nos weblogs é anacrónica. Não vou perder tempo com ela. Quero apenas dizer que compreendo os bloguistas de weblogs mais mediáticos que não possuem, nunca possuíram ou deixaram de possuir caixas de comentários. Isto porque, como bem alude Pacheco Pereira em artigo parcialmente citado por Eduardo Pitta, esses weblogs são mais apetecíveis para quem pretenda masturbar-se com «insultos, ataques pessoais, insinuações, injúrias, boatos, citações falsas e truncadas, denúncias.» Essas putativas caixas de comentários têm/teriam uma visibilidade que a maioria dos weblogs jamais logrará alcançar. Por isso mesmo, não consigo deixar de interrogar-me sobre o que levará alguém que escreve num dos weblogs mais lidos da blogolândia lusa, e, quanto a mim, um dos melhores, a ter comportamento similar. Sinceramente, não compreendo. Já agora, e a propósito de uma mesa redonda onde se discutirão, por certo, algumas destas questões, gostaria apenas de sublinhar o seguinte: a blogolândia reflecte a vida real. O que se pratica nas caixas de comentários, pratica-se todos os dias nos mais altos e insuspeitos meios. Ele é a intriga, a conspiração, o diz que disse. Sempre na calada das costas dos atingidos. Uma pergunta: será que aqueles que estarão sentados em debate nunca disseram nada, "off the record”, acerca uns dos outros? Se sim, seriam suficientemente arrojados para o dizer olhos nos olhos, tête-à-tête?

7 Comments:

At 12:36 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Standing ovation!
Henrique, vou dar início a uma intrigalhada blogosférica:
O JPP já militou na extrema-esquerda!
Chiu! Nunca repita isto em sítio algum...
Ass: Polichinelo

 
At 12:51 da manhã, Anonymous Anónimo said...

AMC, você não sabe mas eu confesso: aquele limão que está ali não é brincadeira. Eu sou mesmo um limão. ;-)

 
At 7:03 da manhã, Blogger luis ene said...

não sei se é anacrónica, mas de certeza que alguma qualidade tem. Que os blogs - ou a blogolândia portuguesa - reflecte a vida real subrescrevo a 100%, aliás porque há muito digo isso, verdade verdadeira aina que um pouco la palissiana. Sem entrar na discussão, quero lembrar o que muitas vezes é esquecido. Há comentários inteligentes, adequados, e em muitos blogs germa-se discussões bastante interessantes, mesmo que aqui e ali mais animadas. Quando à mesa redonda, aí estão alguns temas interessantes, ainda que, como no caso da dicotomia autor/editor, estejam exactamente ao contrário. E acabo, que isto de não metablogar no meu próprio blog e vir metablogar no blog dos outros não me parece muito ajustado. ;)

 
At 7:04 da manhã, Blogger luis ene said...

os erros acima são mesmo assim, erros de velocidade e alguma dislexia matinal :)

 
At 1:22 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olá Luís. Só para dizer que também subscrevo, a 100%, os teus comentários. E esta parece-me uma verdade muitas vezes negligenciada: «Há comentários inteligentes, adequados, e em muitos blogs geram-se discussões bastante interessantes, mesmo que aqui e ali mais animadas.» Eu lembro-me de excelentes discussões, entremeadas com bílis pura, obviamente, em weblogs como o Barnabé, o Blog de Esquerda ou, mais recentemente, no Aspirina B e n’ O Amigo do Povo. Muitas vezes são discussões entre os próprios autores do weblog.

 
At 6:35 da tarde, Blogger JMS said...

A blogosfera é o meio de comunicação mais livre e democrático que existe (aliás, é o único a quem se pode aplicar tais adjectivos), e muita dessa liberdade e democracia têm que ver com o facto de qualquer um, na blogosfera, poder opinar, por muito estúpida e irreflectida que seja a sua opinião.
Fazendo um paralelismo com o sistema democrático, ninguém acha (pelo menos ninguém o admite) que o Zé das Couves, cavador em Pencas de Baixo e homem sem qualquer instrução formal, deva ser proibido de exercer o seu direito de voto só porque é analfabeto e nunca teve tempo nem oportunidade para meditar nas magnas questões de natureza política que constituem entretém e ganha-pão de um almirante da Opinião como o Sr. J. Pacheco Pereira.
Ora, eu não percebo que direito tem JPP de execrar o baixo nível de discussão nas caixas de comentários da blogosfera e defender a sua erradicação. Se são eleitores, meu senhor! Gente que, por muito ignara e insultuosa que seja (ou talvez por isso mesmo), nunca se esquece de ir deitar a cruzinha no partido que sustenta o Sr. Pereira (ou o Sr. Mendes, ou o Sr. Sócrates, ou o Sr ...). Assim sendo, como é que é? O povo serve para umas coisas e para outras não? Serve para opinar políticamente (nos locais e tempos próprios, of course), mas já não serve quando se trata de berrar uns comentários desaforados sobre a pessoa A, B, ou C, ou sobre a situação X, Y ou Z? Olhe a coerência, Dr., a coerência, que é um bem precioso, como diz o poeta.
Claro que toda a gente tem o direito de abrir ou não abrir caixa de comentários, e podem encontrar-se excelentes motivos para defender ambas as opções. Não é isso que discuto. O que me aborrece é ver um político de carreira achincalhar o mesmo povinho que lhe põe o pão (e que pão!) na mesa; isso parece-me de uma falsidade intolerável. Por que é que o JPP não vai falar assim grosso para os comícios e para as campanhas de rua; por que é que à boca das urnas tudo são adulações e um fazer olhinhos à populaça, e só depois do frisson eleitoral eleiçoes vêm estes hipócritas revelar o seu desprezo pelo estúpido e burgesso zé-ninguém? (O qual não é mais burgesso nem inculto, aliás, do que a própria classe política; a única diferença é que veste pior.)

 
At 12:49 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Subscrevo.

 

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