30.4.06

Tiradas de génio e coisas assim

No Diário de Notícias da passada sexta-feira, esta tirada de génio de João Miguel Tavares: «Para os sindicatos portugueses, há tantos trabalhadores incompetentes como linces na serra da Malcata. E mesmo esses, como os linces, convém protegê-los, para preservar a biodiversidade.» Tem toda a razão. É por isso mesmo que nunca percebi, por exemplo, como é que o Sindicato dos Jornalistas não se indigna firme e hirtamente contra tanta incompetência que abunda na imprensa nacional. E o pior, digo eu, nem é a incompetência de alguns jornalistas, extensível aos seus representantes sindicais. No caso dos professores, veja-se, muita da gente que trabalha para os sindicatos dariam, não tenho dúvidas, péssimos professores. Pelo que não sei qual dos cenários seria menos desejável, se ver essa gente nos sindicatos ou numa sala de aula a educar criancinhas. É provável que se passe algo similar com os jornalistas. Talvez isso explique por que no meio de tanta escandaleira, de tanta notícia sensacionalista, de tanta denúncia de corrupção, praticamente nunca sejam chamadas à primeira página, raramente às outras, eventuais escândalos e casos de corrupção que envolvam agentes do jornalismo português. Será que não existem? Será que os jornalistas são todos impolutos? Provavelmente são como os bispos portugueses, para quem os grandes males da humanidade poderão resolver-se praticando males menores aos olhos do Senhor.

2 Comments:

At 3:23 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Se considerarmos que, como em todas as áreas, haverá profissionais competentes e empresas honestas, os jornalistas e as empresas de comunicação social são terreno fértil para a corrupção de todos os géneros, fugas obscenas aos impostos e manipulações, sobretudo de mercados. Mas o pior, nem será isto, o pior é que o sector goza da quase total impunidade que é mantida por uma espécie de pacto tácito de não agressão entre meios de comunicação e entre empresas de comunicação social. Tudo isto nas barbas da justiça e protegidos pelos complexos pós-revolucionários relativamente à intocabilidade dos media em nome da liberdade de imprensa. Que de resto, só não está em causa no actual panorama da comunicação social portuguesa também graças à blogosfera.

 
At 7:38 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Desconfio que o papel da blogolândia não seja assim tão relevante. No entanto, não posso deixar de concordar em absoluto com o que foi dito.

 

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