28.5.06

Silêncio,
Era apenas um palhaço.
Um espaço novo – nascia
um crepitar luminoso – crescia
No rosto múltiplo
ora anoitecia ora amanhecia
e, na transpiração… ria… ria.
Atento, denso de expectativa
na transparência subtil dum gesto
percorria os lugares…
das aparições… das magias.
A tinta da boca, de espanto… a cismar
abria sorrisos e fendas no mar.
O olho, pintura mural egípcia em rotação
penetrava… penetrava, penetrava imenso
num vaivém rítmico – tenso.
E, na pupila que se dilatava
tirava o aço, o estilhaço,
a dor e o cansaço
do coração…


Teresa Zilhão

Teresa Zilhão nasceu em Lisboa em 1951. Em 1970 foi viver para Inglaterra. De regresso a Portugal, entra no Instituto de Arte e Decoração. Esteve alguns anos no Brasil, de onde regressou em 1981. Exercendo actividade profissional em ateliers de arquitectura, colaborou com o jornal Ao Largo e participou na colectânea de poesia Viola Delta. Em 1995 foi distinguida com o Prémio de Revelação APE, na modalidade de Poesia, com o livro Novo Palco.

2 Comments:

At 6:36 da tarde, Blogger ruialme said...

Caro Henrique... desculpa lá aparecer por aqui só para dar más notícias, mas, a julgar por um livro colectivo, editado pela Huguin, que aqui tenho, Teresa Zilhão é já uma "poetisa morta".
O livro, de 2000, chama-se "Quarteto a solo" e, além da referida TZ, constam dele poemas de Madalena Férin, Manuela Nogueira e José Núncio.
A apresentação do livro é de MN, em jeito de carta dirigida a TZ e termina assim: "A morte é um jardineiro meticuloso que tira o que está estragado mas deixa o que tem viço. Infelizmente subiste a esse degrau cedo demais.
Em tua homenagem damos a conhecer o nosso trabalho de conjunto."

 
At 8:40 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Rui, realmente essa é (mais) uma má notícia. Mas sempre o post fica mais completo. Obrigado.

 

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