14.7.06

os amantes de novembro são fugazes como adolescentes;
invadem as pensões viradas para o tejo da mesma forma
que os putos faltam a química e investem nos apartamentos
vazios a meio da tarde. uma queca rápida e sonora
para depois regressarem como se o mundo inteiro lhes coubesse
num sorriso. os amantes de novembro não entendem a calma
nem a preciosidade da sedução; são famintos e cegos e
brutos, e prestam pouca atenção aos orgasmos que não chegam.
ficam o vinho e o limbo e uma pesada herança
para o futuro. fica o apartamento vazio a meio da tarde,
uma janela debruçada ao rio, as paredes infectas de cheiros.
depois regressam, com todo o mundo a encher-lhes o sorrir.

Fernando Dinis

5 Comments:

At 10:52 da tarde, Blogger manuel a. domingos said...

gostei de ler, fernando

 
At 11:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

eu também.

 
At 12:31 da manhã, Blogger blimunda said...

e eu, também :)

 
At 1:17 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Só não gotei do fim. É demasiado "bonzinho" e convencional.Um poema destes, não pode desaguar assim. Era preciso algo mais forte. Um orgasmo de jeito...

 
At 9:06 da manhã, Anonymous Anónimo said...

november, talvez tenhas razão...

quem sabe se um dia não faça uma versão 'core' do poema!

obrigado a todos

 

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