20.8.07

MICRO-FICÇÃO ETC. (a propósito do post do Henrique)


1. Todas as palavras são demais para descrever a micro-ficção. (piadinha pretensamente infra-estrutural)

2. O contexto sociológico parece ser o da reacção ao excesso imposto pela lógica consumista das últimas décadas do século XX.

3. Também é bem capaz de representar uma reacção ao individualismo contemporâneo, fundado na possível intuição de que muitas palavras nos separam e de que poucas, ou uma só – silêncio? – nos pode unir.

4. O minimalismo resultante permite a ocupação do espaço raro – o do livro também – por mais gente, opondo-se assim às descrições totalizantes que o pós-modernismo condenou, e à palavra revelada no livro extenso – Bíblia, Microsoft, etc. – da verdade única.

5. A afinidade da micro-ficção com a anedota indicia uma revalorização da palavra falada, a que se perdeu com o fim da tertúlia, e assemelha-se a práticas tribais como o grafito, que na ritualização permitem a busca da identidade pela acção de autor; autor integrado, mais que apocalíptico. A anedota não pretende mudar o mundo (embora o faça) mas a micro-ficção sim, como toda a arte. A anedota serve para nos ajudar a viver com o mundo que temos, a arte serve-se de nós para começarmos a construir o mundo que queremos.


Rui Costa

8 Comments:

At 7:26 da tarde, Anonymous Anónimo said...

a propósito de anedotas o Fernando Santos diz que não sabe porque foi despedido.
Bem, eu também não sei porque ando despedido,
nelson

 
At 4:38 da manhã, Anonymous Anónimo said...

nelson: ya mano, tass. o fernando foi despedido porque é feio e tem um penteado horrível.

Rui Costa

 
At 1:35 da tarde, Blogger AHAHAHAHA said...

Muito bem, de acordo! Mas... Toda a arte pretende mudar o mundo?! Toda?

 
At 7:04 da tarde, Blogger jp said...

porra mas eu até sou giro :)
nelson

 
At 8:16 da tarde, Anonymous Anónimo said...

ahahahah:
acho que a arte, antes de ser uma necessidade humana, é um propósito e uma necessidade da matéria que pensa (que inclui os humanos mas não se esgota neles), e acho que esse propósito tem a ver com a sofisticação das ligações entre as partes do mundo, eheheh.

Nelson:
eu também não te despeço, só se pedires muito.

Rui Costa

 
At 9:40 da tarde, Blogger MJLF said...

Mudar o mundo é uma ideia muito linda, ó Costa, tu lá muito no fundo és um romantico!
;)
Maria João

 
At 10:45 da tarde, Anonymous Anónimo said...

etanol: achas que "a arte servir-se de nós" é uma ideia romântica (cf. último parágrafo)??

Rui Costa

 
At 9:32 da manhã, Blogger MJLF said...

"A arte servir-se de nós"?!? Não entendo isso, tens que me explicar melhor a ideia, e a da arte mudar o mundo também - chamei-te romantico não no mal sentido, lembrei-me das "Cartas para a educação estética da humanidade" do Schiller, uma referencia para quem acredita nessas coisas bonitas.
Maria João

 

Enviar um comentário

<< Home